Dispnéia



A dispnéia é um sintoma em que se integram conjuntamente uma sensação de dificuldade em respirar e uma sensação de falta de ar. Dado que a dispnéia é uma manifestação subjetiva, sua intensidade é muito variável segundo a sensibilidade individual de cada paciente; daí que, em circunstâncias semelhantes, um paciente se mostrará completamente incapacitado, enquanto que outro atenderá às suas ocupações habituais com relativa normalidade.

A dispnéia de origem cardíaca pode apresentar-se sobre diversas formas, as quais ainda que obedeçam a condições fisiopatológicas algo diferentes, dependem quase todas de uma estase sangüínea ao nível do pulmão e podem ser um sintoma chave de Insuficiência Cardíaca Esquerda. Parece que a sensação dispnéica dos pacientes cardíacos se deve fundamentalmente ao aumento do trabalho da musculatura respiratória, necessário para vencer a rigidez do parênquima pulmonar congesto de sangue.
Os livros costumam fazer a comparação entre amassar uma esponja seca (que seria o pulmão normal) e uma esponja molhada (pulmão congesto). Encontraremos pela lógica, maior dificuldade em comprimir a esponja molhada.

TIPOS DE DISPNÉIA
DISPNÉIA DE ESFORÇO - Costuma ser a manifestação mais precoce e freqüente de Insuficiência Cardíaca Esquerda. É necessário averiguar em cada enfermo o grau de atividade física necessária para aparecer a dispnéia, isto é, se produz, por exemplo, ao subir uns poucos degraus ou ao caminhar alguns metros subindo ladeiras, teremos a chamada dispnéia aos grandes esforços. Se a falta de ar surgir ao caminhar por uma rua plana, será a dispnéia aos médios esforços. Finalmente, se ao vestir-se, ou ao tomar banho ela surgir, teremos a dispnéia aos pequenos esforços. A cardiopatia será tanto mais grave, quanto mais fácil for a apresentação da dispnéia, ou seja, a cardiopatia que ocasiona dispnéia aos pequenos esforços é mais grave que a que ocasiona dispnéia aos grandes esforços.

DISPNÉIA DE DECÚBITO - É um tipo de dispnéia que denota um grau avançado de Insuficiência Cardíaca Esquerda. Leva o paciente a adotar a atitude Ortopneica. Se caracteriza por aparecer nos decúbitos, fazendo com que o paciente permaneça sentado à beira do leito, com as pernas dependuradas (a posição clássica), abraçado ao travesseiro e encurvado sobre o mesmo. A razão do paciente adotar esta atitude, é devida à diminuição do retorno venoso de sangue ao coração, em decorrência da ação da força da gravidade sobre as pernas dependuradas (sangria branca). 

DISPNÉIAS AGUDAS DE ORIGEM CARDÍACA - Surgem desencadeadas por uma insuficiência aguda do coração esquerdo. Temos 3 (três) variedades:
Dispnéia paroxística noturna - Apresenta-se em casos de insuficiência cardíaca esquerda, geralmente crônica, e acontece como o seu nome indica, geralmente durante a noite. Uma ou duas horas após deitar-se, o paciente desperta subitamente com uma sensação de afogamento que o obriga a sentar-se ou a ir para uma janela em busca de ar; em algumas ocasiões o acesso se acompanha de tosse e respiração sibilante, devido à congestão sangüínea que provoca um edema da mucosa brônquica e por conseguinte uma diminuição da luz do brônquio.

Asma Cardíaca - Nas patologias cardíacas em que há aumento gradativo da pressão capilar pulmonar, ocorre espessamento da parede capilar com congestionamento sangüíneo pulmonar, sem que haja extravasamento de plasma para a luz alveolar. Temos então dispnéia acompanhada de sibilos (pelo edema da mucosa brônquica), com tosse produtiva eliminando escarros hemópticos. Por lembrar a asma brônquica, recebeu o nome de asma cardíaca.

Edema Agudo de Pulmão - Nas cardiopatias com aumento súbito da pressão capilar pulmonar, não há tempo para o espessamento da parede capilar. Sendo assim, a pressão hidrostática local, ultrapassa a oncótica, fazendo com que o plasma inunde a luz alveolar, desencadeando um quadro grave que se denomina Edema Agudo de Pulmão. O paciente tem a sensação de afogamento, apresentando dispnéia intensa, sudorese abundante e tosse produtiva com eliminação de uma espuma que pode variar do róseo ao vermelho vivo.

RESPIRAÇÃO PERIÓDICA - Foi descrita pela primeira vez por Cheyne em 1818. Posteriormente, Stokes, em 1854 relacionou o fenômeno com uma grave enfermidade cardíaca. Tal respiração denota sofrimento do centro respiratório localizado no cérebro. É chamada de respiração de Cheyne-Stokes e caracteriza-se por períodos de apnéia, intercalados por movimentos respiratórios crescentes. Na apnéia o paciente está inconsciente, entrando em agitação nas fases respiratórias.
Para concluir, existem casos de dispnéia que não dependem da Insuficiência Cardíaca Esquerda, e sim, da pletora pulmonar e da isquemia dos músculos respiratórios. É o que ocorre em algumas cardiopatias congênitas, como nos curtos-circuitos (Comunicação Inter-auricular ou Interventricular e Persistência do Canal Arterial) e nos casos de Insuficiência Cardíaca Direita, em que há grande ascite e hidrotórax.


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