GAMES: NOVAS FERRAMENTAS PARA REABILITAÇÃO CARDÍACA

 

Os jogos virtuais interativos tornam-se eficientes não apenas como atividade lúdica, mas também como ferramentas complementares na reabilitação de pacientes que se submetem a cirurgia cardíaca.

Considerado encanto pelo público infantil, os jogos virtuais interativos tornam-se eficientes não apenas como atividade lúdica, mas também como ferramentas complementares na reabilitação de pacientes que se submetem a cirurgia cardíaca. “Isto traz um estímulo maior ao paciente até mesmo para ele continuar o tratamento pós-alta hospitalar”, considera o fisioterapeuta Lucas Cacau, idealizador do projeto, que ganhou a simpatia de outros pesquisadores.
O novo método, cujos pacientes são orientados a participar de games interativos, vem sendo aplicado por uma equipe de especialistas sergipana, vencedora do prêmio de melhor tema livre “Pôster”, durante o XXXI Congresso Norte Nordeste de Cardiologia, realizado no ano passado.
A ferramenta complementar começou a ser defendida pelo fisioterapeuta Lucas Cacau em projeto de mestrado e abraçado por um grupo de pesquisadores a partir de uma parceria das Universidades Federal de Sergipe (UFS) e Tiradentes (Unit) e Hospital de Cirurgia. O projeto também ganhou página de revista científica da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensa (Assobrafir) Ciência, em edição que circulou em dezembro do ano passado.
Lucas e Edvan: entrosamento e satisfação com os resultados
O projeto foi colocado em prática no Laboratório de Pesquisa em Readaptação Funcional (Laperf), com participação dos cinco pesquisadores, e avaliado de forma positiva entre os 30 pacientes que se submeteram a este tipo de tratamento específico. “Se o paciente tem que fazer movimentação ativa de membro superior, na nossa proposta, o paciente faz a movimentação ativa de membro superior, porém com dois controles (remotos) na mão, jogando”, explica o fisioterapeuta Lucas Cacau.
Cacau observa também que os jogos virtuais trouxeram efeitos surpreendentes, inclusive com a redução do tempo de internação do paciente no pós-operatório. “O paciente faz o exercício com um fator motivacional, que acaba trazendo benefícios. Com dor no pós-operatório, o paciente tem medo, tem restrição de movimentação. Então, o lúdico, como fator motivacional, que foi acionado ao tratamento, produziu bons resultados”, comenta.
O fisioterapeuta explica que o projeto nasceu a partir de leitura de outros trabalhos literários descritos com a realidade virtual apontada como ferramenta alternativa para reabilitação física de pacientes acometidos por outras doenças, a exemplo de AVC (Acidente Vascular Cerebral), mal de Parkinson, paralisia cerebral e trauma torácico, entre outras. “A proposta do professor Lucas (Cacau) é devolver o paciente à sociedade de forma mais produtiva possível”, considera o fisioterapeuta Manoel Cerqueira Neto, que integra a equipe dedicada a este projeto. “O paciente é reabilitado de forma gradual e progressiva”, explica.
Efeitos
Entre os pacientes, a nova técnica de reabilitação é um verdadeiro sucesso. O comerciante Edvan da Silva Santos, 33, foi submetido a uma cirurgia cardíaca para troca de uma válvula aórtica em maio do ano passado. Ele participou do projeto antes da cirurgia, como teste, e também no pós-operatório e ficou satisfeito com os resultados. “A gente se recupera e, ao mesmo tempo, se diverte”, comenta, exibindo os “dotes” pugilistas na frente do vídeo game interativo.
Ele reconhece o temor de fazer esforço no pós-operatório, mas acabou descontraído diante da ferramenta alternativa apresentada pela equipe de Lucas Cacau. “A gente fica assim, com receio de fazer o movimento por causa da cicatriz, mas a gente acaba indo devagar, fixado no objetivo e aí vai forçando... Daqui a pouco, tá fazendo todos os movimento sem perceber”, considera.
O comerciante informa que a atividade lúdica lhe proporcionou outros benefícios: aumento da massa muscular, que passou dos 195g antes do tratamento para 495g pós-tratamento. “Hoje eu me sinto 110% bom”, comemora, entre risos. Com a gameterapia, Edvan da Silva estava pronto para receber alta no quinto dia do pós-operatório, dois dias do tempo previsto regularmente para pacientes que se submetem em tratamento convencional, mas foi obrigado a permanecer internado por 22 dias devido a complicações devido a uma pneumonia que ele contraiu antes de receber alta médica.
Apesar de reconhecer os benefícios, o fisioterapeuta Lucas Cacau adverte para os riscos que o uso excessivo dos games pode ocasionar. “O gasto energético varia de acordo com a atividade física que o paciente pode desenvolver, mas ele não pode cometer excessos no primeiro momento de reabilitação”, observa. E, para todos os casos, inclusive crianças, o aconselhável na ótica de Lucas Cacau, é estabelecer um tempo máximo de 40 minutos de jogo, em frente ao vídeo game, mesmo que na versão interativa.
O grupo de pesquisadores já concluiu a fase primeira do projeto que consistiu na prática da gameterapia em paciente cardíacos durante o período de internamento e agora a equipe está partindo para a segunda fase que consiste no atendimento de pacientes que receberam alta médica.

Fonte: Infonet

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