Davi Barros, de apenas dois anos, é só sorrisos. É notável a destreza e felicidade do garoto ao montar Macio, um dos seis cavalos da Associação Baiana de Equoterapia.
Davi nasceu prematuro, pesando apenas um quilo, e teve diversas complicações de saúde. Passou quatro meses na UTI e precisou fazer algumas cirurgias.
Nesse percurso, enfrentou problemas de oxigenação, o que causou uma leve lesão cerebral que impactaram no seu desenvolvimento, especialmente no aspecto motor.
Para seu pai, o contador Radival Barros, 48, os oito meses de sessões terapêuticas têm simbolizado um avanço para o filho, não só no aspecto físico, mas na socialização.
"Com a equoterapia, ele trabalha bastante a postura, o equilíbrio, interage mais", comemora Barros, que acompanha Davi nos seus primeiros passinhos.
Estímulos
A equoterapia é um tratamento especial que promove a reabilitação física e psicológica por meio de exercícios feitos com o uso de cavalos. De acordo com a presidente da Abae, Maria Cristina Brito, o movimento tridimensional realizado pelo animal envia 1. 800 estímulos por minuto ao sistema nervoso central.
Crianças com paralisia cerebral e síndromes que comprometem o sistema motor trazem certos vícios neurológicos, que alteram a postura e a movimentação do tronco e dos membros.
Com a andadura dos cavalos, os estímulos certos são enviados ao corpo e ajudam a recondicionar o cérebro . O comportamento adequado passa a ser, aos poucos, automatizado, como o normal.
"A dissociação da cintura do cavalo é semelhante à humana. A rapidez da evolução depende do quadro apresentado pela criança. Em algumas, o processo é mais lento, mas há outras que na segunda sesas diferenças já são notadas pelo pais", disse a fisioterapeuta Paula Lima.
Além dos ganhos físicos, a equoterapia desenvolve outros aspectos emocionais, sociais e psicológicos, que vão desde à interação com os animais à melhora na relação com a família.
Humanização
Há 20 anos, a Abae oferece sessões gratuitas de equoterapia a 180 crianças e adultos com transtornos que se apresentam com o comprometimento do desenvolvimento físico ou psíquico: paralisia cerebral, autismo, sindrome de down, hiperatividade, entre outros.
A atividade só é possível graças a uma parceria com o Esquadrão da Polícia Montada, da Polícia Militar (PM), localizado em Itapuã. A PM abriga os cavalos da ONG e dá todo o suporte necessário: alimentação, assistência veterinária e transporte, caso seja necessário.
"A nossa profissão embrutece, por conta da lida com a violência. A equoterapia humaniza e ter contato com essas crianças e suas famílias é muito positivo", disse o major Adriano Carvalho, que chefia o batalhão.
Às terças-feiras, a Abae realiza sessões também no 19º Batalhão de Caçadores, no Cabula. Isso permite que a ONG atenda ao público da região, que teria dificuldades para se locomover até Itapuã.
Atualmente, a Abae tem um convênio de cooperação técnica com a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), recebendo auxílio para manter alguns profissionais.
A equipe é formada por fisioterapeuta, piscólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e psicomotricista. Também há os guias, geralmente soldados da PM, que controlam os cavalos durante as sessões. "A gente acompanha a desenvoltura, o desenvolvimento intelectual e físico, e vê os pais percebendo os avanços. É muito gratificante", disse o soldado Cristiano Cruz, guia há quatro anos.
As sessões acontecem de segunda a sábado e duram de 15 a 35 minutos. Quase 600 crianças aguardam uma vaga.
Fonte: Uol
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