Fisioterapia 24h na UTI diminui em 40% o tempo de internação


Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, mostrou que os atendimentos de fisioterapia reduzem em até 40% o tempo de permanência do paciente na UTI - Unidade de Terapia Intensiva, quando aplicados sem interrupções, ou seja, nas 24horas do dia.
O estudo avaliou 500 pacientes, num período de seis meses. Nos primeiros três meses, a abordagem do fisioterapeuta aconteceu num período de apenas 12 horas e a média de internação do paciente foi de 10 dias. Nos três meses seguintes, quando o atendimento foi durante as 24 horas, a média de permanência do paciente caiu para 6 dias apenas.

 





















Nas UTIs do Paraná
Os hospitais públicos convivem com a falta de recursos humanos e verbas restritas, no Paraná ainda não se tem fisioterapia 24h nas UTIs, pelo menos não nos hospitais públicos ligados a universidades. No HC (Hospital das Clínicas), em Curitiba, vinculado à UFPR existe a fisioterapia em tempo integral, durante toda a semana, finais de semana e feriados, mas o atendimento é apenas durante o dia.
Regina Senff, fisioterapeuta do HC há 12 anos, afirma que para quem trabalha diretamente com pacientes graves percebe-se notadamente resultados positivos com a realização da fisioterapia duas vezes ao dia. “Imagino que se o serviço for realizado em período integral, nós e os pacientes só temos a ganhar”, ressalta Senff. A função do fisioterapeuta na UTI tem como objetivo principal reduzir o tempo de permanência do paciente na unidade. No HC-UFPR, em Curitiba, existem várias UTIs, como a geral, pediátrica, neonatal, cardíaca, além dos CTSI (Centros de Terapia Semi-Intensiva) cada centro ou unidade possui uma equipe. Por exemplo, a UTI Geral possui 2 fisioterapeutas um em cada período (manhã e tarde) e conta também com estágios curriculares.
A realidade é de equipes enxutas, de acordo com o fisioterapeuta Rauce Marçal da Silva, chefe do serviço de fisioterapia do HC-UFPR, o número de fisioterapeutas é menor que a demanda de atendimentos, isso faz com que o mesmo profissional seja responsável por mais de um setor de atendimento. “Com esse quadro de pessoal reduzido fica difícil oferecer a fisioterapia por 24h, e a contratação só é feita via concurso público que é um processo demorado”, explica Rauce.
Em Cascavel o cenário é parecido, na UTI para adultos a equipe é composta por quatro fisioterapeutas plantonistas (plantão de 12h – tarde e noite). Há também três profissionais que estão cursando especialização na área, dois deles fazem atendimento durante o dia (manhã e tarde) na UTI adulto e o terceiro fica na UTI neonatal e pediatria no sistema de rodízio. “Conseguimos, dessa forma, cobrir em torno de 18 horas a UTI adulto”, ressalta Érica Fernanda Osaku, Coordenadora da especialização de Fisioterapia em Terapia Intensiva, no Hospital Universitário da Unioeste.
O Custo-benefício
O custo de uma diária na UTI está em torno de R$ 900,00, mas o SUS (Sistema Único de Saúde) paga R$ 341,94, números do HC-UFPR, de Curitiba. Para oferecer o atendimento de fisioterapia em tempo integral (24h por dia) seria preciso triplicar o número de fisioterapeutas das UTIs do HC. Mas esse aumento de pessoal, segundo Rauce, não elevaria os custos na mesma proporção. “Além de não aumentar muito os custos, a diminuição do tempo de permanência é um fator que fala muito a favor da fisioterapia 24h na UTI”, ressalta Rauce.
Como é a fisioterapia na UTI
Nas UTIs predomina a aplicação das técnicas da fisioterapia respiratória em pacientes entubados e no tratamento de patologias respiratórias. É um método preventivo, quando se têm situações de pacientes que temporariamente apresentam-se restritos ao leito, como também uma forma de tratamento das pneumopatias.
Os pacientes internados em terapia intensiva apresentam-se, na maioria das vezes, em situações críticas, inclusive com perda de consciência. O fisioterapeuta intervém nas doenças específicas da causa do internamento e da mesma forma na prevenção das complicações adquiridas nesse período. “A grande importância do trabalho do fisioterapeuta nas UTIs está em abreviar a alta hospitalar, evitando e ou diminuindo as seqüelas”, afirma Pedro Beraldo, presidente do Crefito-8 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8ª Região).
O fisioterapeuta que trabalha com o intensivismo vem somar com a equipe multidisciplinar. “A sua presença é importante, pois auxilia na manutenção das vias aéreas, na elaboração e execução dos protocolos de assistência ventilatória,” justifica Erica do HU-Unioeste.
São muitos os benefícios apresentados com a aplicação da fisioterapia como a eliminação das secreções brônquicas, melhora de volumes e capacidades pulmonares, melhora a postura evitando encurtamentos e deformidades, aumenta a resistência e a tolerância à fadiga, prevenindo o descondicionamento físico decorrente do imobilismo, contribui para a prevenção de trombose venosa profunda e embolia pulmonar. “Graças a essas técnicas as pessoas alcançam uma melhora na qualidade de vida”, ressalta Regina do HC-UFPR.
Fonte: Crefito-8

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A ciclagem do ventilador determina a mudança da fase inspiratória para a expiratória. Ela pode ocorrer de acordo com tempo, volume, pressão ou fluxo.
1. Ciclagem a tempo
A transição inspiração/expiração ocorre de acordo com um tempo inspiratório predeterminado, não importando as características elástico-resistivas do sistema respiratório do paciente.
Normalmente os aparelhos ciclados a tempo são limitados a pressão, ou seja, existe uma válvula de escape impedindo altos níveis de pressão inspiratória. Os ventiladores infantis e aqueles com ventilação com pressão controlada possuem este tipo de ciclagem. Deve-se ressaltar que este tipo de ciclagem não garante o volume corrente, sendo este uma resultante da pressão de escape aplicada, da complacência e do tempo inspiratório programado.
2. Ciclagem a volume
Neste modo de ciclagem o final da fase inspiratória é determinado pelo valor de volume corrente ajustado. Há um sensor no aparelho que detecta a passagem do volume determinado e desliga o fluxo inspiratório.
A pressão inspiratória não pode ser controlada e depende da resistência e da complacência do sistema respiratório do paciente, de modo que este tipo de ventilação pode provocar barotrauma. Ao mesmo tempo, este tipo de ventilação é bastante segura uma vez que garante o volume corrente para o paciente, principalmente para aqueles em que se deve fazer um controle rigoroso da PaCO2, como nos pacientes portadores de hipertensão intracraniana.
3. Ciclagem a pressão
A fase inspiratória é determinada pela pressão alcançada nas vias aéreas. Quando o valor predeterminado é alcançado interrompe-se o fluxo inspiratório, independente do tempo inspiratório ou do volume utilizado para se atingir esta pressão. Desta forma, este tipo de ventilação também não garante um volume corrente adequado e pode ser ineficaz caso haja grandes vazamentos de ar como nos casos de fístulas bronco-pleurais.
Os ventiladores ciclados a pressão são representados pela série Bird-Mark 7, 8 e 14, possuindo como vantagens o fato de não dependerem da eletricidade e serem pequenos e leves facilitando seu uso nos transportes de pacientes.
4. Ciclagem a fluxo
Neste tipo de ciclagem, o tempo inspiratório é interrompido quando o fluxo inspiratório cai abaixo de um valor pré-ajustado como foi descrito na ventilação com pressão de suporte. Neste tipo de ciclagem, o paciente exerce total controle sobre o tempo e fluxo inspiratórios e sobre o volume corrente.




1- INTRODUÇÃO

A interrupção do fluxo sangüíneo, em determinada parte do cérebro, resulta em súbita lesão da mesma, ocasionando o conjunto de sintomas que caracterizam o "derrame". é freqüente o uso de outros nomes, tais como: choque, apoplexia, espasmo cerebral, trombose cerebral e acidente vascular cerebral.

O termo AVC denota a instalação súbita da afecção, e representa um dos aspectos mais graves da doença que o paciente se vê obrigado a enfrentar, ou seja, o profundo choque que o mesmo sofre, ao perceber que, de um momento para outro, e sem aviso prévio, perdeu a capacidade funcional de metade do seu corpo, aquela que fica ao lado oposto ao da sede da lesão (a explicação desse fato é o cruzamento das fibras que emergem do cérebro, dirigindo-se para a metade oposta do corpo).

O paciente perde o controle dos movimentos e seus membros lhe recusam a obediência. Não é de se estranhar, pois, que ele se apresente deprimido, irritadiço, às vezes até agressivo: ele está profundamente apreensivo, já que é incapaz de prover às próprias necessidades, ou de enfrentar as tarefas normais cotidianas.

O AVC pode ser causado pela hemorragia dentro da massa cerebral, tendo como ponto de partida a ruptura de um vaso sangüíneo; outras vezes, ele é causado pelo bloqueio devido ao espessamento da parede interna de uma artéria que irriga o cérebro, ou por um coágulo sangüíneo que se formou no interior do coração (ou de uma artéria), deslocando-se do seu ponto de origem e "caminhando" até o cérebro.

No primeiro caso, a lesão é provocada pela própria hemorragia. A hemorragia no interior do cérebro significa que a ruptura de algum vaso sangüíneo provocou o vazamento de sangue em meio as células cerebrais, causando destruição local: é a hemorragia cerebral.

No segundo caso, temos um coágulo que se desloca, chamado êmbolo: instala-se o AVC, quando o êmbolo ocupa uma posição em que efetivamente interrompe a irrigação sangüínea de parte do cérebro. o bloqueio da irrigação sangüínea, que resulta do espessamento progressivo da parede de uma artéria de importância vital, ou da migração de em coágulo ou êmbolo, recebe o nome de trombose cerebral ou AVC Isquêmico.

Seja qual for a causa, as conseqüências se instalam sempre com rapidez dramática, provocando efeitos devastadores no tocante à capacidade física, e ao estado emocional do paciente.


2- TIPOS DE AVC

a) AVC Isquêmico

Os neurônios são muito sensíveis a alterações no fluxo sangüíneo cerebral. As células cerebrais morrem alguns minutos após a interrupção completa do fluxo sangüíneo. Entretanto, apesar de ocorrer uma oclusão completa de um vaso cerebral durante um AVC isquêmico agudo, persiste algum grau de perfusão, mesmo no centro da região cerebral isquêmica, em virtude do fluxo colateral e de variações nos gradientes de pressão tecidual locais. As células variam de neurônios com lesões irreversíveis no centro da região isquêmica até neurônios com lesões reversíveis na periferia (a penumbra). O grau e a duração da oclusão determinam a viabilidade das células na penumbra. Teoricamente, quanto mais precoce a reperfusão, maior a probabilidade de sobrevivência da célula. O uso recente de terapia trombolítica intravenosa e intra-arterial no AVC isquêmico baseia-se neste fundamento.

b) AVC Hemorrágico

Na hemorragia intracerebral e subaracnóide, ocorrem a ruptura de um vaso sangüíneo cerebral com um aumento drástico na pressão intracraniana e uma redução na perfusão cerebral global que pode durar alguns minutos. Após essas alterações imediatas, ocorre uma melhora gradual na pressão intracraniana e na pressão de perfusão, apesar desses valores não retornarem aos valores de base. Ocorre uma redução acentuada da perfusão cerebral próxima ao hematoma e por isso provavelmente se deve à compressão local. As regiões do cérebro afastadas do sangramento também apresentam alterações da perfusão, que são atribuídas à vasoconstrição causada pela liberação química de produtos de degradação do sangue ou por mediação neuronal.


2.1- Acidente vascular cerebral isquêmico

O AVC isquêmico associa-se ao processo aterotrombótico no território carotídeo e basilar ou a embolia cardíaca. A hemorragia intracerebral pode estar associada a malformações vasculares e ao uso de drogas em indivíduos com idade inferior a 40 anos; a hipertensão arterial predomina no grupo mais afetado entre os 40-69 anos.

a) AVC Isquêmico Trombótico

 

Causas de AVC Isquêmico Trombótico
Causas mais comuns
Aterioesclerose
Vasculites
Dissecção
Estados de hipercoagulabilidade
Policitemia
Causas menos comuns
Doenças Infecciosas

A maior parte dos Acidentes Vasculares Cerebrais é causada por trombose vascular, que ocorre quando a formação de um coágulo superpõe a um estreitamento gradual do vaso ou a alterações no revestimento luminal do vaso. A doença aterioesclerótica é uma das causas mais comuns de AVC na atualidade. A Aterioesclerose afeta basicamente as artérias intracranianas e extracranianas de maior porte e causa hiperplasia e fibrose na região subíntima, com formação de uma placa. As placas reduzem a luz dos vasos e promovem adesão plaquetária com conseqüente trombose vascular. Outras causas de trombose incluem vasculite, dissecção, policitemia e estados de hipercoagulabilidade. Causas menos comuns incluem doenças infecciosas, como a Sífilis e a Triquinose, que geram uma lesão na parede vascular.

Os sinais e sintomas de AVC trombótico costumam se desenvolver gradualmente ao longo de minutos a horas e podem apresentar uma gravidade oscilante, ou seja, melhoras e pioras do quadro durante esse período. Ao serem questionados, os pacientes com freqüência relatam problemas semelhantes, porém transitórios, ocorridos no passado e que sugerem um Ataque Isquêmico Transitório na mesma distribuição vascular. A gravidade do quadro vai depender principalmente da presença de uma rede de colaterais capaz de manter algum fluxo para a região.

b) AVC Isquêmico Embólico

 
Causas de AVC Isquêmico de origem embólica
Causas mais comuns
Arritmias (F.A.)
Causas menos comuns Mixomas Cardíacos
Trombo Mural (I.A.M.)
Doença Cardíaca Reumática
Miocardiopatias Dilatatas
Endocardites Infecciosas
    
Quase 20% dos Acidentes Vasculares Cerebrais são de origem embólica. Na embolia, o material intravascular de origem proximal é liberado e passa a ocluir um vaso distal. Ao contrário do AVC trombótico, não existe doença intrínseca no vaso ocluído. Portanto, os êmbolos são menos aderentes e têm uma tendência maior a se fragmentar e a se deslocar distalmente do que os coágulos secundários à trombose. As fontes mais comuns de êmbolos são o coração e os grandes vasos (aorta, carótidas e artérias vertebrais). As fontes cardíacas de êmbolos incluem vegetações valvulares, trombos murais, êmbolos originados por Fibrilação Atrial, êmbolos paradoxais (devidos a CIA ou CIV) ou tumor cardíaco. Êmbolos artério-arteriais costumam ocorrer quando um agregado de plaquetas e fibrina é deslocado de uma região estenótica estreita ou de uma placa aterioesclerótica em um grande vaso. Causas menos comuns de êmbolos incluem Miocardiopatias Dilatadas, êmbolos gordurosos e partículas embolizadas por injeções de drogas intravenosas.

Os Acidentes Vasculares Cerebrais de origem cardíaca, em geral, têm duas tendências importantes:

* Tendem a ser mais graves (maior volume de infarto);

* Tendem à hemorragia (podendo ocorrer em até 71% dos casos).

O AVC de origem embólica ocorre de modo súbito e não há tendência para que haja sintomas pregressos.

c) AVC Isquêmico Lacunar

 
Causas de AVC Isquêmico Lacunar
Causas mais comuns
Hipertensão Arterial Crônica
Diabetes Mellitus
Causas menos comuns
Estenose do tronco da a. Cerebral média
Microembolias

Neste caso, os pequenos ramos penetrantes das artérias cerebrais podem ficar ocluídos e os infartos resultantes podem ser tão pequenos ou localizados de tal maneira de modo a não causarem qualquer sintoma. O tecido amolecido que é removido deixa uma pequena cavidade ou lacuna. Esses acidentes vasculares podem originar síndromes clínicas típicas, com uma pequena zona de isquemia confinada ao território de um único vaso. Essas síndromes são consideradas como refletindo o acometimento arterial dos vasos que penetram em regiões profundas do cérebro e do tronco arterial para suprir estruturas como a cápsula interna, gânglios da base, tálamo, corona radiata e regiões paramedianas do tronco cerebral.

Os danos arteriais são geralmente conseqüentes ao Diabete Mellitus ou HAS de longa duração. Causas raras incluem estenose do tronco da artéria Cerebral Média ou microembolias aos territórios de troncos de artérias penetrantes.

O início do quadro costuma ser abrupto e raramente tem caráter progressivo, apresentando-se com quadro de hemiparesia motora pura, síndrome sensorial pura, hemiparesia em destros sem alteração da fala ou hemiparesia atáxica.


2.1.2 - Acidente vascular cerebral hemorrágico

É o quadro mais grave de Acidente Vascular Cerebral, com mortalidade de até 50% em 30 dias e ocorrem em uma população mais jovem de pacientes. A hemorragia decorre da ruptura de um vaso em qualquer ponto da cavidade craniana. As hemorragias intracranianas são classificadas de acordo com a localização (extradural, subdural, subaracnóide, intracerebral, intraventricular), a natureza do vaso rompido (arterial, capilar, venoso) ou a causa (primaria ou espontânea, secundária ou provocada). Os dois principais subtipos de AVC hemorrágicos são as Hemorragias Intracerebrais e as Hemorragias Subaracnóides.

a) Hemorragias Intracerebrais

Nas hemorragias intracerebrais, o sangramento ocorre diretamente no parênquima cerebral. Uma idade mais avançada e uma história de AVC prévio são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de uma HIC. A HAS foi apontada como causa de enfraquecimento nas paredes de arteríolas e na formação de microaneurismas (microaneurismas de Charcot-Bouchard). Em pacientes idosos, não-hipertensos, com hemorragias lobares recorrentes, a Amiloidose foi apontada como causa importante. Outras causas incluem Malformações Arteriovenosas, Aneurismas, Doença de Moya-moya, distúrbios hemorrágicos ou anticoagulação, traumatismos, tumores, Angioma Cavernoso e uso excessivo de drogas ilícitas. Nas discrasias sangüíneas (por exemplo, Leucemia Aguda, Anemia Aplásica, Policitemia, Púrpura Trombocitopênica e Escorbuto), as hemorragias podem ser múltiplas e volumosas.

O sangue arterial irrompe sobre pressão e destrói ou desloca o tecido cerebral. Quando o paciente sobrevive a uma hemorragia cerebral, o sangue e o tecido necrosado são removidos por fagócitos. O tecido cerebral destruído é parcialmente substituído por tecido conectivo, glia e vasos sangüíneos neoformados, deixando uma cavidade encolhida e cheia de líquido. Os locais mais afetados são o putâmen, caudado, ponte, cerebelo, tálamo ou substância branca profunda. As hemorragias dos gânglios da base freqüentemente se estendem de modo a afetar a cápsula interna e por vezes se rompem no ventrículo lateral e disseminam-se através do sistema ventricular até o espaço subaracnóide.

O quadro clínico é determinado pela localização e tamanho do hematoma. Ele se caracteriza por cefaléia, vômitos e evolução de sinais focais motores ou sensoriais de minutos a horas. A consciência por vezes se altera desde o início, sendo esta freqüentemente uma característica proeminente nas primeiras 24 a 48 horas nos hematomas moderados e grandes. O diagnóstico e a localização são facilmente estabelecidos pela TC, que mostra a elevada densidade do sangue agudo.


b) Hemorragias Subaracnóides

A Hemorragia Subaracnóide (HSA) tem a metade da freqüência da HIC. Na HSA, o sangue extravasa de um vaso arterial para o espaço subaracnóide. O sangue de uma artéria rompida é liberado com uma pressão quase equivalente à pressão arterial sistêmica, ao contrário da HIC, onde a ruptura arteriolar ocorre mais gradualmente e com pressões menores. A súbita liberação de sangue sob pressão leva a um traumatismo celular direto, bem como rápido aumento da pressão intracraniana.

Ela é causada mais comumente pelo vazamento de sangue a partir de um aneurisma cerebral. Os aneurismas se distribuem por locais diferentes em toda base do cérebro, especialmente na origem ou nas bifurcações das artérias no Polígono de Willis. Outras causas secundárias que podem ocasionar hemorragias subaracnóides incluem malformações arteriovenosas, distúrbios hemorrágicos ou anticoagulação, traumatismos, Amiloidose e Trombose do Seio Central. Os sinais e sintomas incluem início abrupto de uma forte cefaléia, vômitos, alterações da consciência e coma; essas alterações ocorrem freqüentemente na ausência de sinais focais de localização.

A HSA afeta pacientes mais jovens e mulheres mais freqüentemente que os homens. Hipertensão Arterial Sistêmica, uso de anticoncepcionais orais e tabagismo são alguns dos fatores de risco para esse tipo de AVC. A mortalidade é elevada, podendo chegar até 70% nos quadros mais graves. Entre os que sobrevivem, novos sangramentos imediatamente subseqüentes e déficits neurológicos isquêmicos tardios por vasoespasmo podem ocasionar uma grave morbidade.



3- INCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA

Os acidentes vasculares cerebrais (AVC), um termo clínico que abrange as hemorragias e os infartos devidos a trombose ou embolia , são as doenças mais freqüentes do SNC.



4- INCIDÊNCIA

Nos Estados Unidos: 500.000 casos novos / ano de AVC, dos quais:

50% vão a óbito;
25% ficam permanentemente incapacitados;
só 5% retornam ao trabalho.

A incidência aumenta rapidamente com a idade: 80% dos casos ocorrem acima
de 65 anos.


4.1 - Freqüência relativa dos tipos de avc (fatais e não-fatais):

>> Acidentes isquêmicos:

- 85% Infartos - 75%
- Acidentes isquêmicos transitórios - 10%


>> Acidentes hemorrágicos:

- 15% Hemorragias subaracnóideas - 10%
- Hemorragias intracerebrais - 5%



>> Acidentes fatais:

- infartos - 60%
- hemorragias intracerebrais - 30%
- hemorragias subaracnóideas - 10%

 
CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS CEREBRAIS:
ISQUEMIAS
De causa sistêmica
Necroses em zonas limítrofes entre territórios arteriais
De causa local
Tromboses Arteriais Grandes vasos:
Infartos
   ==> Anêmicos
   ==> Hemorrágicos
Pequenos vasos
   ==> Lacunas
Venosas Assépticas
Sépticas
Embolias Trombo-embolia
Embolia
Gordurosa
Embolia gasosa

HEMORRAGIAS

Segundo a causa, classificadas em

>> Hemorragias por:

- Hipertensão arterial sistêmica,
- Ruptura de aneurismas congênitos,
- Ruptura de malformações artério-venosas,
- Arterite séptica,
- Traumatismo crânio-encefálico,
- Discrasias sangüíneas, p.ex. leucemias,
- Tumores, primários ou metastáticos.



5- PRINCIPAIS FATORES CAUSADORES E PREDISPONENTES DOS AVC :

- Aterosclerose cerebral

- Hipertensão arterial, agindo por si ou como fator agravante da aterosclerose.
    
          - A incidência de AVC é seis vezes maior em hipertensos que em normotensos da mesma idade.
          - Cerca de metade dos AVC ocorre em hipertensos, que constituem apenas 20% da população.

- Diabetes mellitus, outro importante fator agravante da aterosclerose.

          - Infartos cerebrais são duas a quatro vezes mais comuns em diabéticos que em não-diabéticos de mesma faixa etária e sexo.

- Doenças cardíacas

         - Cerca de 75% dos pacientes com AVC têm insuficiência cardíaca, dilatação de câmaras ou fibrilação atrial.
          - Pacientes com aterosclerose coronária têm risco duas a cinco vezes maior de ter AVC.


Incluindo também :

* Idade maior que 64 anos
* Raça negra
* Sexo masculino
* Hiperlipidemia
* História Familiar de AVC
* Tabagismo
* Hematócrito elevado
* Anemia Falciforme
* História de AVC prévio ou mesmo AIT


6- ETIOLOGIA

O AVC é causado pela hemorragia dentro da massa cerebral tendo como causa a ruptura de um vaso sanguíneo ; outras vezes , ele é causado pelo bloqueio devido ao espessamento da parede interna de uma artéria que irriga o cérebro , ou por um coágulo que obstrui um vaso sanguíneo (alguma artéria cerebral)


7- QUADRO CLÍNICO

As manifestações do AVC costumam ser muito sutis e variadas, sendo extremamente dependente da região anatômica acometida. O conhecimento básico de anatomia, uma boa anamnese e um exame físico bem realizado somado aos conhecimentos sobre cada tipo de Acidente Vascular Cerebral, em quase a totalidade dos casos, são suficientes para determinar a localização da lesão e a causa subjacente do AVC.

A doença cerebrovascular pode ser classificada em três grandes grupos (e cada um deles com inúmeras sub-divisões, caracterizando doenças específicas): o isquêmico, a hemorragia intracerebral e a hemorragia sub-aracnóide. A apresentação inicial de todos estes eventos é quase sempre aguda, motivando a procura de pronto-socorro. Em São Paulo, os isquêmico são responsáveis 63,5% dos casos atendidos, a hemorragia intracerebral por 20,8% e a hemorragia subaracnóide por 15,7%.

A hipertensão arterial é o fator de risco principal para o acidente vascular cerebral, de tal forma que a mortalidade e a incidência do AVC podem ser consideradas como marcadores da prevalência da hipertensão em uma localidade. Outros fatores, como o tabagismo, o diabetes e o colesterol elevado também contribuem, porém com intensidade menor do que ocorre com o risco de um infarto do miocárdio.

O AVC isquêmico associa-se ao processo aterotrombótico no território carotídeo e basilar ou a embolia cardíaca. A hemorragia intracerebral pode estar associada a malformações vasculares e ao uso de drogas em indivíduos com idade inferior a 40 anos; a hipertensão arterial predomina no grupo mais afetado entre os 40-69 anos.



8- AVALIAÇÃO DO PACIENTE NEUROLÓGICO

I) ANAMNESE

* Queixa principal
* História da Moléstia Atual
* Antecedentes

Importante: Na anamnese neurológica ? além do nome, idade, sexo, cor, profissão e procedência, identificar a mão de preferência ( oconhecimento da mão nos diz por exemplo, durante um exame neurológico, que os flexores da mão esquerda de um indivíduo canhoto devem ser mais fortes que os da mão direita, e que a sensibilidade será sempre maior na mão de preferência.


II) EXAME FÍSICO


* Exame físico geral (acompanha muleta, cadeira de rodas, etc )
* Sinais Vitais


III) EXAME NEUROLÓGICO

* Exame do estado psíquico ( emocional)

* Motricidade
      - Motricidade automática
      - Motricidade voluntária

Manobras deficitárias ( realizadas por i minuto de olhos fechados)

     Para MMSS

        * Mingazzine
        * Barre
        * Ramiste

     Para MMII

        * Mingazzine
        * Barré
        * Wantenaberg

* Reflexos

    
* Superficiais
     * Profundo ou Protopáticos ( biciptal, triciptal, patelar, estilo radial e aquileu)
     * Reflexos Patológicos

* Sinal de Hollfman

* Sinal de Babinsk

* Palmo mentoniano

* Coordenação ( avaliar Sist. Piramidal e Extra piramidal)

    Manobras
     > Index- Index ou Index-Orelha
     > Calcanhar joelho
     > Manobra de Rechaço
     > Diadocinesia

* Equilíbrio

* Estático

      Sinal de Romberg ( lesão cerebelar)

         > Verdadeiro ( oscila sem padrão de queda

         > Estereotipado ( cai para um lado)

         > Histérico ( há movimento de pelve c/ oscilação)
              Se o paciente não se encaixar em nenhum desses, pedir para fazê-los com o joelho fletido.

* Dinâmico

     Avaliar marcha: c/ dissociação; s/ dissociação; c/ claudicação



9- PRIMEIROS CUIDADOS COM O PACIENTE VITIMADO PELO AVC

As primeiras medida de tratamento do paciente com AVC estão a cargo do médico. Este precisa intervir imediatamente, e em caráter de urgência logo após o AVC. Não há tempo a perder. Recomenda-se manter o paciente aquecido enquanto se espera pelo médico. Caso esteja inconsciente, ele deve ser virado de bruços, com a cabeça voltada para o lado, afim de deixar as vias aéreas livres para a respiração; a língua deve permanecer na porção anterior da cavidade bucal, para evitar sufocamento. O médico decidirá sobre o futuro imediato do doente. Ele precisa fazer a escolha entre o tratamento domiciliar e a internação em hospital.

A equipe de assistência ao doente com AVC contará com fisioterapeutas, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.

Um breve período inicial de internação é indispensável em numerosos casos, mas o paciente deve retornar ao lar, o mais rapidamente possível. Quase sempre, a estas alturas, ele terá necessidade de reabilitação bem conduzida, para evitar a instalação de graves sequelas. Seja qual for a decisão, o certo é que a reabilitação deve ser iniciada de imediato e que a ajuda dos familiares se reveste da maior importância.


10- SÍNDROMES DE ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS

Após a anamnese e exame físico completos, o médico tem de integrar os achados físicos com a anatomia e função cerebrais para determinar a localização anatômica das lesões e os possíveis vasos envolvidos.

a) Síndromes de AVC Isquêmicos

* Infarto do hemisfério dominante (hemisfério esquerdo):

- Paresia (contralateral)
- Parestesia (contralateral)
- Hemianopsia
- Afasia/Disartria

* Infarto do hemisfério não-dominante:

- Paresia (contralateral)
- Parestesia (contralateral)
- Hemianopsia
- Indiferença à extremidade contralateral


* Infartos da artéria Cerebral Média:

- Paresia (contralateral)
- Parestesia (contralateral)
- Braço e face mais paréticos que a perna
- Afasia de percepção ou expressão quando o hemisfério dominante é o afetado


* Infartos da artéria Cerebral Anterior:

- Paresia (contralateral)
- Parestesia (contralateral)
- Perna mais afetada que o braço

* Síndrome Vértebro-Basilar:

- Tonteira
- Vertigem
- Diplopia
- Ataxia
- Paralisias de nervos cranianos
- Paresia bilateral das extremidades
- Déficits cruzados (a lesões nos pares cranianos é ipsolateral e a paresia motora é contralateral)


* Infarto Lacunar:

- Déficits motores ou sensoriais puros
- Geralmente localizados em ponte e gânglios da base.

b) Síndromes de AVC Hemorrágicos

* Hemorragia Intracerebral:

- Clinicamente semelhante ao infarto cerebral
- Cefaléias, náuseas e vômitos precedem o quadro neurológico
- Hemiplegia contralateral
- Hemianestesia
- Hemianopsia
- Afasia
- Indiferença


* Hemorragia Subaracnóide:

- Quadro súbito de cefaléia constante e intensa (occipital e/ou nucal)
- Vômitos
- Depressão no nível de consciência



11- ÁREAS QUE PODEM VIR A SER AFETADAS

Músculos: Pode haver paralisia de um metade do corpo, conhecida como hemiplegia. Pode existir diminuição da força em um dos braços, e na perna do mesmo lado, falamos então em hemiparesia. pode haver fraqueza da musculatura facial do lado afetado, manifestando-se por gotejamento da saliva, no lado mais fraco da boca, acompanhando-se às vezes de dificuldades para mastigar e deglutir. A fala pode estar comprometida.

Sensibilidade:
Pode haver perda da sensibilidade no lado afetado, ou perda da noção corporal, significando que o paciente não é capaz, por exemplo, de reconhecer a metade afetada do seu corpo, a sua posição no espaço ou a sua relação com o resto do corpo. O paciente pode não ser capaz de identificar os objetos e a sua textura através do tato, ou, pior ainda, pode ser incapaz de identificar os objetos pela visão ou não ter a menor idéia da sua finalidade e do que fazer com eles. É preciso compreender que não se trata de cegueira, mas sim de um problema ligado à percepção. Por exemplo: pode acontecer que o paciente esteja sentado diante de um prato de sopa, mas não procure usar a colher, em virtude de lesão afetando as áreas associativas responsáveis pela identificação consciente e pela interpretação. o paciente não reconhece a colher e nem a finalidade da mesma.

Visão: O paciente tem dificuldades para enxergar, com uma metade de cada olho; em caso de lesão afetando a metade esquerda do corpo, o paciente pode ser incapaz de enxergar com as metades esquerdas dos dois olhos. Isto é cegueira, do tipo chamado hemianópsia.

Fala: Conforme já vimos acima, o paciente pode ter perdido a capacidade para falar, ou para falar com clareza, porque os músculos que participam da fala não estão funcionando normalmente. Trata-se de uma dificuldade relacionada com a formação das palavras e não de um problema de linguagem; este distúrbio se chama disartria. O paciente não terá dificuldades de compreensão da palavra falada e, via de regra, é capaz de escrever.

Por outro lado, ele pode enfrentar dificuldades para encontrar as palavras; este distúrbio chama-se disfasia. Muitas vezes a disfasia se refere apenas à emissão de palavras pelo paciente, se bem que, em pequena porcentagem de casos, inclua também a compreensão, isto é, a identificação e interpretação do discurso. Na maioria dos casos, a compreensão está preservada. Os problemas da fala e da linguagem podem apresentar-se sob as mais diversas formas, de modo que a sua avaliação e interpretação é tarefa do especialista. Impõe-se, portanto, recorrer quanto antes a um fonoaudiólogo ou foniatra.

Emotividade: Diferencia-se da sensibilidade tátil por envolver a mente. Não há dúvida porém, que a emotividade, ou seja, a mobilização dos sentimentos ou a agitação mental, fazem parte da cognição. De acordo com os dicionários, a palavra cognição significa consciência, um dos três aspectos da mente; os outros dois aspectos são a afetividade (emotividade ou sentimentos) e a conação (vontade ou desejos, funções volitivas). Estes três aspectos atuam em conjunto, embora qualquer um deles possa ser dominante, em determinado processo mental.

Os distúrbios emocionais precisam ser levados em conta, nos cuidados dispensados ao paciente hemiplégico, porque esta é uma área que pode ser seriamente pertubada. Muitos pacientes choram com grande facilidade e têm problemas para controlar-se. um paciente, antes emocionalmente estável e de caráter forte, pode tornar-se volúvel, irritadiço, susceptível, impaciente, caprichoso e profundamente infeliz. Depressão e pertubação emocional são frequentes.

Incontinência dos Esfíncteres e prisão de ventre: Inicialmente, o controle da bexiga está muitas vezes prejudicado ou ausente, mas a normalização costuma processar-se rapidamente. A prisão de ventre constitui frequentemente um problema bastante sério, parecendo ser devida à perda do tônus muscular da parede intestinal, durante os primeiros dias. Em alguns casos observa-se diarréia, que pode perfeitamente ser devida ao extravasamento, além do ponto de bloqueio, causado pela retenção de fezes nos segmentos altos do cólon. Convém recorrer ao médico sempre que houver modificação acentuada dos hábitos intestinais anteriores.

Vida sexual: É importante que o paciente compreenda que, à medida em que ele melhora e volta a um estilo de vida normal, não existe nenhum motivo que o impeça de retornar as relações conjugais, desde que tenham sido normais, anteriormente.



12- TRATAMENTO DA FISIOTERAPIA NAS ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS

O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA

Tão logo o paciente esteja ciente de sua situação e da extensão de sua deficiência, ele é envolvido por muitas emoções diferentes. O fisioterapeuta irá ajudá-lo a entender o que lhe aconteceu e a responder eficientemente à medida que o paciente tente se adaptar.

A reabilitação após o AVC significa ajudar o paciente a usar plenamente toda sua capacidade, a reassumir sua vida anterior adaptando-se a sua atual situação.

O fisioterapeuta começará por atividades de mobilidade. Estas atividades o fará libertar-se de "medos" e "inseguranças" causados pelo desequilíbrio corporal. Serão realizados exercícios de fortalecimento e alongamento muscular, treino de equilíbrio e estímulos da sensibilidade.

Muitas atividades fisioterapêuticas que começaram durante o início da recuperação, são apropriadamente modificadas para desafiar e fazer com que o paciente possa progredir até sua recuperação. Serão enfatizadas combinações motoras que permitem a concretização das tarefas alimentares, higiênicas, locomoção e outras tarefas funcionais.


12.1- Programa fisioterapêutico:

Diariamente, o pacientes deverá passar de três a cinco períodos com seu fisioterapeuta:

1) Sessão individual para exercitar os membros atingidos

(alongamentos), manter articulações livres (mobilização), treino de equilíbrio na posição sentada.

2) Uma classe de ginástica, na qual o paciente aprende a mover novamente o corpo.

3) Um período de exercícios de resistência para fortalecimento muscular.

4) Uma classe ambulante, para treinar a marcha.

5) Atividades de classe de vida diária, na qual ele aprende a mexer-se, deitar-se, levantar-se...

O que ocorre bastante e é difícil de aceitar pelo paciente e também pela família, é a lentidão do processo. É claro que o tempo e o grau de desempenho está relacionado com o grau do AVC, com a personalidade do paciente, a presença e a gravidade de depressão e muitos outros fatores que podem ser descritos como reabilitação física.

Mas a reabilitação total significa mais do que independência de andar e cuidar de si. Significa a retomada pelo paciente do gosto e do desejo de viver.


12.2- REABILITAÇÃO

Durante o início da recuperação objetivamos principalmente:

- minimizar os efeitos das anormalidades de tônus;

- manter uma ADM normal e impedir deformidades;

- melhorar as funções respiratórias e motoras;

- mobilizar o paciente nas atividades funcionais iniciais envolvendo
mobilidade no leito, o ato de sentar, transferências...;

- impedir o descondicionamento;

- promover a conscientização corporal, movimentação ativa e uso do
lado hemi;

- melhorar controle de tronco e equilíbrio na posição sentada;

- iniciar as atividades de cuidados pessoais.

A reabilitação consiste na aplicação de um programa planejado, através do qual a pessoa incapacitada, ou convalescente, mantém ou progride para o maior grau de independência física e psíquica de que é capaz. Para entender em que consistem as medidas de reabilitação do paciente hemiplégico, é preciso, compreender o que aconteceu com ele em termos da deficiência física que ele pode ser obrigado a enfrentar. E se quisermos compreender a deficiência física causada pelo AVC, assim como a melhor maneira de ajudar o paciente, teremos primeiramente de entender alguns fatos simples a respeito dos movimentos e do movimento voluntário normal de que goza o ser humano saudável, sem mesmo dar-se conta.

O homem não nasce com movimentos controlados, mas sim com o que chamamos de movimentos reflexos primitivos. Durante os primeiros meses de vida, ele vai desenvolvendo o seu controle motor. Exercita os seus reflexos primitivos até que os mesmos se tornem parte da postura controlada e dos movimentos voluntários. Em outras palavras, ele atravessa progressivamente as etapas do movimento reflexo, do controle da postura e do movimento voluntário, e das habilidades específicas. Aprendeu a marcha ereta, desenvolveu movimentos de precisão e aprendeu movimentos especializados que preserva por toda a vida.

Os reflexos básicos, que ele aproveitou como pedras fundamentais, sobre as quais se baseiam os seus movimentos controlados, ainda existem, integrados dentro do seu controle postural. Alguns destes reflexos, ou seja, aqueles que o mantém ereto contra a ação da gravidade, dominam sobre os demais, porém isto não tem importância: o seu cérebro está exercendo o controle e ele domina o seu corpo. Infelizmente, depois de um AVC, o cérebro perde o controle e o homem deixa de dominar seu próprio corpo. Esta realidade devastadora atinge-o como um raio caído do céu azul; é este o primeiro fato amargo que ele precisa enfrentar. Ele precisa aceitar o fato de depender de ajuda, sob muitos pontos de vista do seu corpo já não lhe obedece, falta-lhe o equilíbrio; os movimentos normais já não são possíveis no lado afetado, e, sob alguns aspectos, ele é tão dependente da ajuda de outrem quanto uma criança recém-nascida. Não é capaz sequer de ir sozinho ao sanitário; precisa ser levado até lá, e assistido como uma criança pequena.

No lactente os padrões motores e posições adotadas no desenvolvimento motor seguem uma ordem. Neste processo, os movimentos controlados do pescoço e dos ombros precedem o controle dos cotovelos e, finalmente, das mãos; os movimentos controlados do tronco e dos quadris precedem aqueles dos joelhos e pés. A solicitação do peso corporal tem importância fundamental para o desenvolvimento dos movimentos controlados.

É preciso que o lactente se apoie sobre os antebraços, passando daí a apoiar-se sobre os joelhos e sobre as mãos, conforme os padrões normais de engatinhamento, que ele adota ao atravessar as diversas etapas do seu desenvolvimento motor. Sem esta capacidade de apoio do próprio peso, ele não conseguiria progredir e não alcançaria a sua meta, isto é, a postura controlada e os movimentos coordenados.

Em outras palavras, o desenvolvimento se dá da cabeça aos pés, ou seja, no padrão de desenvolvimento simples que se observa no lactente, os reflexos primitivos são dos lábios e língua em direção aos músculos dos olhos, do pescoço, do ombro, dos braços, mãos, dedos, tronco, perna e pés, sendo que as respostas reflexas primitivas acabam sendo substituídas pelos movimentos voluntários, e pela postura controlada. Podemos também dizer que os movimentos primitivos se transformam em movimentos automáticos e, finalmente, em movimentos deliberados ou voluntários. Nos estágios finais do desenvolvimento motor plenamente coordenado vemos que os movimentos se iniciam pela mão e pelo pé: ao invés de seguirem os movimentos iniciados pelo ombro e pelo quadril, respectivamente, a mão ou o pé dão início ao movimento, sendo que a mão em particular, toma a liderança dos movimentos coordenados, funcionais e hábeis.


13- APLICAÇÃO DO PADRÃO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DO LACTENTE AO PACIENTE HEMIPLÉGICO

De um só golpe, com rapidez devastadora, e dependendo da gravidade do seu caso, metade do seu corpo se tornou semelhante ao da criança recém-nascida. restam-lhe apenas os movimentos reflexos primitivos; ela não é capaz de executar movimentos controlados voluntários, porque a lesão cerebral comprometeu o mecanismo normal dos reflexos de postura que ele havia levado tantos meses para desenvolver, no começo de sua vida.

Nas palavras do fisioterapeuta, os reflexos primitivos não estão mais integrados para formar movimentos controlados. Predominam, então, os reflexos mais poderosos, ou reflexos dominantes, levando ao aparecimento, dentro de algumas semanas ou meses, do quadro contorcido e espástico que quase todos já vimos algumas vez e que pode ser reconhecido à primeira vista como sequela de derrame. Acrescente-se a isso a fraqueza muscular, devida à interrupção das vias motoras destinadas aos músculo afetados e, os eventuais déficits sensitivos que podem complicar mais ainda este quadro.

Já vimos acima que todo movimento representa a resposta a algum estímulo sensorial. Não é de se estranhar, então, que o paciente esteja em sérias dificuldades. Metade do seu corpo se subtrai ao seu controle, em grau maior ou menor, de acordo com a gravidade do derrame. Não há tempo a perder. É urgente.

Entretanto, existem complicações que constituem uma barreira à reabilitação e recuperação dos movimentos controlados, entre elas o desenvolvimento do espasmo muscular e as deficiências sensoriais, de mínimas a muito graves. Temos que levar em conta, então, os tipos de dificuldades:

1 - Inicialmente, é preciso considerar o lado afetado do paciente como sendo tão incapaz como uma criança recém-nascida. Por conseguinte, não podemos esperar que ele apresente movimentos controlados e voluntários normais, no lado afetado; o seu equilíbrio estará prejudicado.

2 - O espasmo acabará aparecendo, por maior que seja a flacidez apresentada por seus membros imediatamente após o acidente vascular. Se isto não for evitado colocará um ponto final nas tentativas de reabilitação, e todo o programa de fisioterapia resultará em fracasso.

3 - O paciente pode apresentar certo grau de deficiências sensoriais, resultando em deficiências motoras, já que todos os movimentos controlados representam uma resposta direta às mensagens transmitidas pelos órgãos dos sentidos.


Já que chegamos à conclusão de que os padrões motores do lactente precisam ser aplicados ao paciente hemiplégico, será que isto significa que o aparecimento de espasticidade muscular e as deficiências sensoriais anulam a esperança de concluir com sucesso o programa de reabilitação elaborado para este paciente ?

A resposta é sim; a espasticidade e as deficiências sensoriais podem perfeitamente encerrar as possibilidades de eventuais progressos, condenando ao absoluto fracasso as esperanças razoáveis em relação à recuperação, a não ser que sejam adotadas determinadas medidas especiais. É perfeitamente possível que a espasticidade e os déficits sensoriais encerrem bruscamente o esquema de reabilitação, praticamente antes de seu início. Por exemplo: nenhum paciente hemiplégico consegue engatinhar, usando as mãos e os joelhos, após o desenvolvimento de flexão rígida dos punhos, com fechamento forçado das mãos. E, se o paciente perdeu toda a sensibilidade profunda, relativa aos músculos e às articulações, não tendo noção da posição relativa do membro no espaço, como poderá ele começar a movimentá-lo, passando pelas rotinas de rotação do tronco, de engatinhamento e de aquisição do equilíbrio?

Este último caso demonstra que a instalação da espasticidade não é o problema mais grave; a perda da sensibilidade constitui um obstáculo muito maior, no caminho para a recuperação. Entretanto é indispensável começar o programa de exercícios de reabilitação, levá-lo adiante e concluí-lo com êxito. O tratamento correto (cada caso é um caso) é urgentemente necessário, sobretudo porque previne espasticidade e contribui para vencer a perda da sensibilidade. Também neste caso, a compreensão leva à aplicação do tratamento correto, pois existe um meio de contornar estes problemas.

A fisioterapia é o meio eficiente para a reabilitação do hemiplégico pois ela promoverá não só a reabilitação em si mas também a neuroplasticidade


13.1- Posicionamento do paciente com avc

O paciente com AVC precisa ter sempre um posicionamento correto , prevenindo a espasticidade . A posição deverá ser a anti-espástica ou de recuperação .

- pronação do ombro com rotação externa ;
- extensão do antebraço ( não total , discreto grau de flexão ) ;
- extensão digital com abduçao ;
- protração de pelve com rotação interna da perna ;
- flexão de quadril , joelho e tornozelo .

Devemos manter o paciente em algumas posições :

- decúbito dorsal ;
- decúbito lateral sobre o lado são ;
- decúbito lateral sobre o lado afetado ;
- posição de ponte .


Podemos realizar exercícios passivos de todas as articulações do membro superior afetado se este tem hemiplegia . Se o déficit afetado é uma hemiparesia , poderemos fazer exercício ativo assistido ou ativo , na medida do possível .

- elevação dos braços com os dedos entrelaçados ;
- movimentos para o ombro afetado principalmente ;
- no membro inferior afetado : extensão completa de quadril;
- exercício rotação de tronco ;
- rotação terminando no apoio de cotovelo afetado ;
- rotação para a posição sentada na beira do leito;
- treinamento de equilíbrio em paciente sentado ;
- transferência da cama para a cadeira .


14 - INTERVENÇÃO DA FAMÍLIA NA REABILITAÇÃO DO DOENTE COM A.V.C

A reabilitação do acidente vascular cerebral (AVC) constitui um processo lento de aprendizagem com o objetivo de maximizar as potencialidades do indivíduo e prepará-lo para a reintegração tão completa quanto possível na vida comunitária, tendo em consideração o conceito de qualidade de vida.

Na abordagem tradicional ao doente com AVC o profissional de reabilitação assume um papel autoritário e o doente e a família um papel passivo, favorecendo assim a dependência.

É comum julgar-se a eficácia de um programa de reabilitação com base no desempenho do doente num ambiente protegido; não fornecendo ao doente novas estratégias que facilitem a sua transição para a comunidade

Os familiares ou quem mais diretamente se relaciona com o doente, muitas vezes sem saber como lidar com o problema, agem de uma forma mais afetiva do que racional e efetiva.

É convicção de uma equipe que o envolvimento da família no processo de reabilitação favoreça a integração do doente e promova a sua qualidade de vida. Assim, através da introdução de um programa específico de educação e apoio á família, se possa ou não, confirmar que a intervenção direta da família na reabilitação do doente com seqüelas de AVC facilita a sua integração bio-psico-social.


14.1- ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO:

* "Promover a mobilização e reabilitação do doente o mais precocemente possível, logo que a situação clínica o permita."

* "Envolver o doente e a família no processo de reabilitação."

* "Aperfeiçoar mecanismos de garantia de qualidade nos serviços de reabilitação públicos e privados."

* "Produzir recomendações técnicas para prevenção do AVC recorrente e das escaras."

A existência de um bom suporte familiar é certamente um fator de bom prognóstico em relação à reabilitação e futura integração do doente. Entre o doente e os seus familiares existe uma relação recíproca e os problemas dos familiares podem interferir com a recuperação do doente. Por esta razão, o tratamento de reabilitação ideal deve incluir estratégias que diminuam a depressão da família, aspectos que minimizem a disfunção familiar e informação à família que lhe permita compreender o que se passa com o seu familiar

Os programas de informação estruturados são, sem dúvida, uma necessidade para os doentes com AVC e para os seus familiares, ou seja, quanto mais esclarecidos estiverem, melhor será a sua participação e conseqüentemente melhor o prognóstico do doente, existindo também uma diminuição da tendência para a depressão .

A participação ativa dos familiares na equipe multidisciplinar permite proporcionar um apoio efetivo das instituições aos seus doentes e familiares; por outro lado, estes poderão fornecer informações importantes aos profissionais, para a elaboração do plano terapêutico.


15 - CONCLUSÃO

As taxas de incidência dos Acidentes Vasculares Cerebrais mantêm-se, mas a mortalidade diminui com conseqüente aumento da esperança de vida, o que implica um número maior de doentes com seqüelas de Acidente Vascular Cerebral e a necessitar de reabilitação, tornando este um problema de saúde pública, nas suas vertentes de integração bio-psico-social, custos à sociedade e à própria família do doente.

Urge sensibilizar os profissionais para a importância da intervenção multidisciplinar dentro do contexto a que este estudo se propõe, bem como para a intervenção da família como elemento facilitador da transição do doente para a comunidade.

Só quem vive a experiência da partilha da angústia de estar doente ou de ver doente alguém que lhe é próximo pode avaliar a importância duma abordagem centralizada na qualidade da existência.

O programa fisioterápico precoce, intensivo , eficaz , é sempre necessário , importante e principalmente capaz de prevenir as possíveis complicações , aumentando assim , a expectativa e a qualidade de vida do paciente mais próxima do normal .

Ao aceitar o nosso próprio desafio, estamos conscientes já, da nossa mudança de atitudes perante estes doentes e estas famílias.


16- BIBLIOGRAFIA

* UMPHRED; Darcy Ann – Fisioterapia Neurológica . Ed. Manole Ltda . 2º edição, 1994.

* DELISA, Joel A. - Medicina de Reabilitação: Princípios e Prática. Editora Manole, Lta. Vol. 2. Cap. 29. 1992.

* DIAS, José A.; FALCÃO, Isabel M. – Análise da variação percentual das taxas de mortalidade por Acidente Vascular Cerebral e Doença Isquêmica do Miocárdio nos treinos 80-82 a 90-92, a nível distrital. Saúde em Números. Direção Geral da Saúde. Vol. 9, n.º 1.(Abr.94). 2ª Edição.

* Direção Geral da Saúde. – Conservar-se em forma na idade avançada: Autocuidados na saúde e na doença. Guias para as pessoas idosas I. Comissão Nacional para a política da terceira idade. Lisboa 1996.

* EL-DIN, Donna. – Educação de Saúde: A Chave para um ambiente enriquecedor. In UMPHRED, Darcy Ann (ed.). – Fisioterapia Neurológica. São Paulo. Editora Manole, Lda. 1994.2ª edição. P.819-830.

* GUCCIONE, A.A. et al. – Avaliação Funcional. In O`SULLIVAN, S.B.; SCHMITZ, . T.J. – Fisioterapia: Avaliação e Tratamento. São Paulo: Ed. Manole Ltda. 2ª edição, 1993. ISBN 85-204-0108-2. p.251-269.

* JOHNSTONE, Margaret – Tratamento domiciliar do paciente hemiplégico, vivendo dentro de um esquema, Editora Atheneu, SP.

* O'SULLIVAN, Susan B. & SCHMITZ, Thomas J. - Fisioterapia, Avaliação e Tratamento, segunda edição, Editora Manole, SP, 1993.

* TAVARES, J. e ALARCÃO, I. – Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Livraria Almedina. Coimbra. 1985.

  Fonte:http://www.wgate.com.br


A equoterapia constitui em tratamento complementar na reabilitação neurológica, utilizando o cavalo como instrumento de trabalho dentro de uma abordagem interdisciplinar.

A equoterapia é uma pratica terapêutica que utiliza o movimento tridimensional do cavalo para melhora da função neuromotora e processamento sensorial. A explicação racional para utilização do cavalo como um instrumento terapêutico é baseada no conceito que “andar a cavalo” proporciona ao individuo uma experiência sensorial e motora normal, que contribui para desenvolvimento, manutenção e reabilitação das capacidades físicas e traz ainda benefícios do nível físico, psicológico e social. Os movimentos da cintura pélvica induzem vibrações nas regiões osteoarticulares que através dos nervos periféricos e medula chegam ao cérebro.

Um cavalo movimentando-se ao passo transmite cerca de 110 impulsos por minuto, numa serie de oscilações tridimensionais de avanço, recuo, elevação e descida, balanceio e rotação da pelve, que muito se assemelha ao caminhar humano. Em nível físico, a entrada sensorial através desse movimento tridimensional, variável rítmico e repetitivo induz a necessidade contínua de o cavaleiro ajustar ao movimento, o que determina ampla mobilização osteoarticular e grande número de informações proprioceptivas. É esta resposta fisiológica natural provocada no cavaleiro que contribui para desenvolvimento da força muscular, flexibilidade, adequação do tônus postural, conscientização dos movimentos e aperfeiçoamento da coordenação motora e equilíbrio.

E importante lembrar que toda a criança ou adulto, com o sem distúrbios neurológicos, é um individuo e quer ser tratado e compreendido. Cada um tem seu ritmo próprio de aprendizagem, personalidade única e temperamento. Devemos sempre olhar além da deficiência, identificar suas necessidades individuais, proporcionar uma experiência enriquecedora com amor e um ambiente favorável no qual ele possa apreender e crescer.

Drª Poliana Rodrigues da Silva
12 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE OS FISIOTERAPEUTAS
1. Fisioterapeuta é massagista?
Não. Da mesma forma que engenheiro não é mestre de obras, farmacêutico não é balconista de farmácia, arquiteto não é decorador, fisioterapeuta não é massagista. Não me venha com papo "estou com uma com tensão aqui nas costas... faz uma massagem?" Vou te mandar tomar no cu! Quer massagem? Contrate alguém que tenha feito um cursinho no SENAC. Não estudei 5 anos e ralei 850 horas de estágio pra fazer massagem grátis em babaca. E se você quiser uma "massagem completa" procure nos classificados um micheteiro, bem dotado, de preferência. Ele sim, é o profissional adequado às necessidades da sua viadagem e apagar o fogo do teu rabo.

2. Não existe "o que o senhor me aconselha".
Quem dá conselho é padre e tia velha chata. Na área da saúde, conselho é diagnóstico. Diagnóstico tem que ser pensado, pesquisado, estudado, e por sua vez, cobrado. Quer um conselho? Marque um horario com minha secretária. E não se esqueça de levar sua carteirinha da Unimed ou o talão de cheques.

3. Posso pedir uma consulta grátis?
Claro... que não. Pode parecer inacreditável, mas mesmo que tenha se formado em uma universidade pública, o fisioterapeuta gastou uma soma considerável em sua formação. Livros, equipamentos, cursos extra curriculares, alimentação, transporte, etc. não foram gratuitos. Essa soma foi utilizada a título de investimento. E todo investimento tem que ter retorno financeiro. Se você quer consulta grátis, procure o SUS.

4. Fisioterapeuta precisa de dinheiro?
É surpreendente, mas fisioterapeuta também paga impostos, alimentação, combustível, vestuário, etc. E uma coisa bizarra: Os livros, os cursos de atualização, o consultório e as coisas que ele tem não chegam até ele gratuitamente. Impressionante, não? Entendeu o motivo dele cobrar uma consulta?

5. É possível uma consulta pelo telefone?
Fisioterapeuta não é vidente. Ele precisa examinar pessoalmente o paciente. Se você quer um milagre, procure um padre ou tente uma macumba.

6. Fisioterapeuta atende finais de semana e feriados?
Sim, atende. Até em sua residência se for urgente. Mas desde que seja pago por isso. Desnecessário dizer que nesses casos o atendimento tem custo adicional. Por favor, não pechinche. Cara feia na hora de preencher cheque não diminui o que você tem que pagar. Se queria mais barato devia ter procurado outro fisioterapeuta, mais em conta e menos competente. O combinado não é caro.

7. Fisioterapeuta não é médico.
Não encha o saco do fisioterapeuta com a sua enxaqueca que nunca vai embora, seus corrimentos vaginais ou com seu intestino preso que lhe deixa como um bolo recheado de cocô. Se você é gorda feito uma porca e quer um remédio tarja preta para emagrecer, procure um endocrinologista sem ética para lhe fornecer drogas. O máximo que o fisioterapeuta poderá fazer por você é lhe prescrever uma esteira ou bicicleta ergométrica.

8. Fisioterapeuta tem vida social?
Sim, tem. Em reuniões de amigos ou festas de família, fisioterapeuta deixa de ser fisioterapeuta, vira apenas amigo ou parente. Não reclame de sua atrite, nem peça conselhos. Fisioterapeuta dá diagnósticos. Para isso ele precisa refletir, se concentrar, ou seja, precisa trabalhar e ser remunerado por isso. E muitas vezes tambem precisa de equipamentos que estão no consultório, não no bolso do paletó. Entendeu? Se não, releia o tópico nº 2

9. O celular do fisioterapeuta.
Celular do fisioterapeuta é uma ferramenta de trabalho. Por favor, ligue apenas quando muito urgente. Fora do horário de atendimento, mesmo que você não acredite, o fisioterapeuta pode estar fazendo alguma daquelas coisas que você pensou que ele não fazia: pode estar assistindo TV, dormindo, namorando ou até mesmo transando.

10. Antes da consulta
Por favor, marque hora. Se não marcar, não fique andando de um lado para o outro na sala de espera e nem pressionando a secretária. Ela não tem culpa da sua ansiedade. Ah! E não espere que o fisioterapeuta vá te colocar no horário de quem já marcou. Na próxima vez ligue antes. Só venha sem marcar em caso de emergência (que seja realmente emergência), por favor. Quando se diz que o horário de atendimento é até meio dia, não significa que você pode chegar 11:55. Se chegar, volte depois do almoço. O mesmo vale na hora do fim do expediente. Emergência? Claro que o fisioterapeuta atende, mas se estiver fora do horário normal, está fora do preço normal.

11. Na hora da consulta
Basta um membro da família para acompanhar o paciente para auxiliar a responder às perguntas do fisioterapeuta. Por favor, deixe os amigos do cunhado e seus vizinhos com os respectivos filhos nas casas deles. Não bombardeie o fisioterapeuta com milhares de perguntas durante o atendimento. Isso tira a concentração, além de esgotar a paciência. Fique calado e faça o que ele mandar. Espere o fim da avaliação física. O fisioterapeuta responderá com clareza todas as suas dúvidas. Evite perguntas que não tenham relação com o problema específico. Infelizmente, a cada consulta, o fisioterapeuta só poderá examinar um paciente. Lamentamos informar, mas seu outro parente também terá que passar por consulta e você também terá que pagar por ele. O fisioterapeuta não deixará de cobrar a consulta só porque você já gastou demais com planos de saúde e remédios. Não foram os fisioterapeutas que inventaram o ditado "A SAÚDE NÃO TEM PREÇO".

12. Um esclarecimento final
Uma consulta custa R$ 200. Um "Poxa, dá uma olhadinha, vai..." custa R$ 300, ok?

Luiz Henrique de Castro
Fisioterapeuta graduado que não admite piadinhas sobre sua profissão

Fratura de Galeazzi



Uma fratura de Galeazzi é uma fratura da região distal do rádio com ruptura da membrana interóssea e da ligação com a ulna, com subluxação da ulna.

As fraturas do rádio e ulna em um adulto são de tratamento cirúrgico. A necessidade de uma redução anatômica é necessária por causa da pronação e supinação.

A redução cruenta é realizada e a osteossíntese com placa e parafusos é o método mais indicado. Quando apenas o rádio é fraturado com desvio e a ulna está integra, ocorre a luxação da articulação rádio-ulnar distal.

A fratura recebe o nome em homenagem ao cirurgião italiano Riccardo Galeazzi, (1866-1952).

Tratamento

Consiste em estabilização da fratura através de placas de metal e ligação das bandas rompidas. Além disso, o braço deve ser imobilizado com gesso.


- Complicações:

Subluxação permanente da articulação rádio-ulnar distal.
Pseudoartrose.
Consolidação viciosa



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