Luxação recidivante de ombro

 

A luxação do ombro (luxação gleno-umeral) é a perda da relação anatômica normal entre a cabeça do úmero e o ombro (cavidade glenóide). Quanto à etiologia, pode ser traumática ou atraumática.

A traumática ocorre após o mecanismo violento em pacientes com estrutura óssea e cápsuloligamentar previamente íntegros. Nesses casos, geralmente ocorre desinserção ou ruptura desses estabilizadores da articulação, o que pode levar à recorrência da patologia.

Fonte: Google imagens

Na atraumática há alterações preexistentes que favorecem a luxação (ou subluxação) mesmo na ausência de grande trauma. Esses pacientes geralmente apresentam hipermobilidade geral em outras articulações.

Sintomas

A articulação do ombro é fixada de maneira elástica, existindo uma dor espontânea e de movimento. Nas luxações anteriores o braço é geralmente mantido em adução e rotação interna. O contorno do ombro desaparece, o soquete articular está vazio e a cabeça do úmero é palpável nas partes moles. Se houver lesões na artéria axilar ou em nervos, podem surgir distúrbios circulatórios, motores e na sensibilidade do braço.

Tipos de Luxação

A luxação pode ser para anterior  (mais comum), para posterior e para inferior. Geralmente, quando ocorre, causa muita dor no ombro e , costuma causar incapacidade funcional. Há uma deformidade local pela perda do contorno da cabeça do Úmero, que chamamos de sinal da dragona militar. O paciente pode, ainda, apresentar uma limitação da movimentação do ombro e a articulação pode edemaciar.

Após um primeiro episódio há a chance de novos episódios ocorrerem e quanto mais vezes luxa mais chances tem de um novo episódio ocorrer. Sabe-se ainda que pacientes homens e jovens tem maior chance de um novo episódio de luxação ocorrer, especialmente se o mesmo realiza atividades esportivas que exijam do ombro acometido. Chamamos isso de luxação recidivante do ombro ou instabilidade.

Causas

A causa mais comum para luxar um ombro é um trauma sobre o ombro que faz com que ele se desloque de sua posição. Contudo, micro traumas, tais como em atividades esportivas e, hiperfrouxidão ligamentar podem causar uma luxação ou uma subluxação do ombro.

Diagnóstico

Raio-x anterior-posterior de uma luxação de ombro

A anamnese e o exame físico são fundamentais no diagnóstico. Especialmente os danos aos vasos sanguíneos e nervos devem ser observados e documentados.

Através de raio-x em diversos planos confirma-se o diagnóstico e uma fratura pode ser descartada. Pode ser solicitada uma ressonância magnética para ser descartada uma lesão Bankart.

Manobras de redução

a) Manobra Hipocrática ou variantes:

Esta manobra é a mais usada atualmente, sendo a menos agressiva de todas elas.

Como o nome sugere, encontra-se descrita nas obras de Hipócrates. Baseia-se na tração longitudinal do membro e contratração aplicada na região axilar que força a cabeça do úmero em direção à cavidade glenóide, fazendo com haja redução. O paciente é deitado confortavelmente e, após 30 minutos de aplicação da dolantina, uma alça de lençol é aplicada na axila do paciente. Um médico, segurando em torno do punho, aplica, gradativamente, tração longitudinal no membro superior que é mantido em discreta abdução. O auxiliar traciona, em sentido contrário, com o lençol. Cria-se uma força resultante em direção da cavidade glenóide que conduz a cabeça do úmero de volta ao seu lugar.

b) Manobra de Kocher:

Embora tenha uma versão recente, esta manobra também é muito antiga. Encontra-se ilustrada em mural egípcio, desenhada por Ipuy, arquiteto de pirâmides, que viveu em torno de 1200 A.C.

Com o paciente deitado, e preparado da mesma maneira que para a manobra anterior, faz-se a seguinte sequência de movimentos: tração, abdução, rotação externa, adução e rotação interna. Estes movimentos forçam a cabeça umeral a percorrer um trajeto que termina na cavidade glenóide. Alguns autores fazem restrição a esta manobra, associando-a a lesões nervosas. O importante é realizá-la sempre de maneira delicada e fazendo previamente a tração de 10' do membro superior.

Após a redução o membro é radiografado e imobilizado com enfaixamento de Velpeau ou "M-J" por 3 semanas. Antes da alta hospitalar deve ser verificada a integridade do nervo axilar testando-se a capacidade de contração do músculo deltóide.

Tratamento

O tratamento para luxação é feito em 2 fases distintas, onde a primeira consiste em reduzir a luxação e imobilizá-la por 4 a 8 semanas e a segunda é fazer fisioterapia por aproximadamente 2 a 3 meses.

É muito importante fazer fisioterapia após uma luxação para que os músculos, tendões, ligamentos e a própria cápsula articular recebam o tratamento adequado para que consigam cumprir cada uma a sua função perfeitamente.

Os objetivos da fisioterapia deverão ser prevenir ou combater a atrofia muscular; fortalecer os músculos, diminuir a inflamação; facilitar a cicatrização e promover estabilidade à articulação por meio de aparelhos de fisioterapia e exercícios.

Durante o tratamento recomenda-se evitar esportes e não forçar a articulação para garantir a sua completa recuperação. O tempo de afastamento do esporte é de aproximadamente 3 meses e caso o indivíduo volte a ter outras casos de luxação pode-se optar por uma cirurgia para a colocação de órteses que auxiliem os músculos  e a cápsula a manter os ossos corretamente alinhados.

Referências:

ABC da saúde

Concurso e Fisioterapia

wikipedia

Artigonal

Tua Súde

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